A jazida de minério de ferro encontrada em Belém (PB) no final do século 19
Era o ano de 1886 quando o engenheiro Francisco Soares da
Silva Retumba, contratado pelo presidente da Província da Paraíba, Antônio
Herculano de Souza Bandeira, para averiguar as potencialidades econômicas da
província, encaminhou o relatório de sua expedição pelo território paraibano,
iniciada em 1869, com informações auspiciosas ao presidente (governador), com
destaque para as riquezas minerais, especialmente em relação ao minério de
ferro.
“[...] cabe-me o indizivel prazer de communicar a V. Exc. que é esta provincia riquissima em mineraes de quasi todas as especies. Tenho encontrado ferro sob differentes aspectos e em quantidade invencivel; abunda sobre tudo o ferro magnetico, de qualidade superior ao da Suecia, ilha d'Elba , etc. [...] A riqueza principal da provincia é, porém , o ferro.”, diz o engenheiro Retumba em seu relatório parcial publicado pela Typografhia do Jornal do Recife, em 1886.
A íntegra do relatório do engenheiro Francisco Soares da Silva Retumba, filho do também engenheiro Francisco Retumba, o qual iniciou a construção da ponte no Rio Sanhauá, na Capital Parahyba (atual João Pessoa), relata que no sítio Gameleira, no atual município de Belém, no Agreste/Brejo paraibano, foram encontradas minas de ferro, podendo ser exploradas pelo governo provincial.
A descoberta foi novamente destacada no Dicionário
Corográfico do Estado da Paraíba, do historiador Coriolano de Medeiros, em 1950,
quando o território de Belém ainda pertencia à Caiçara: “Riquezas naturais — O
engenheiro Francisco Retumba, num Relatório que apresentou ao Presidente da
Paraíba em 1887, diz ter encontrado no município, no lugar Gameleira, uma
jazida de ferro, cujo rendimento calculou em 70%.”
Os indícios de minério de ferro ainda hoje são visíveis nas rochas com manchas pretas e cinzas no curso do riacho Gameleira, especialmente do trecho com paredões rochosos, próximo a uma centenária árvore gameleira que dá nome à comunidade rural. Aliás, os afloramentos rochosos são abundantes na localidade, transformando-se em atrativos turísticos como o Cruzeiro de Gameleira.
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