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Mostrando postagens de junho, 2024

A Grande Seca (1877-1879): “É miserável o estado da Povoação de Belém, na Freguesia da Serra da Raiz”

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Crianças retirantes da Grande Seca na província do Ceará, em 1878. Foto: Acervo Biblioteca Nacional. “É miserando o estado da povoação de Bethlem, freguezia da Serra da Raiz, Comarca da Independência” [grafia da época]. Assim começava a descrição do Jornal do Recife, do dia 25 de fevereiro de 1878, uma segunda-feira, sobre a caótica situação do povoado de Belém (atual cidade no Agreste/Brejo paraibano) durante a seca que assolou a região Nordeste entre os anos de 1877 a 1879. Foram três anos consecutivos de estiagem severa, classificada como a Grande Seca, a qual devastou o Nordeste brasileiro, à época chamada de Norte, deixando um rastro de mortandade nunca visto, proporcionalmente, até hoje na história do Brasil, motivado por fenômeno climático ou de saúde pública, conforme matéria publicada pela Agência Senado, em 2021: “A chamada Grande Seca se arrastou por três anos e provocou 500 mil mortes em oito províncias [estados nordestinos], tanto por sede e fome quanto por doenças. ...

Riacho da Picada, trajeto de uma antiga trilha indígena em Belém (PB)

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Vista parcial da cidade de Belém (2017). Na parte inferior da imagem, trecho do riacho da Picada; na parte superior, o açude Tribofe. Foto: DR Filmes. Conhecido por rio de Belém, o riacho da Picada é o nome oficial do curso d’água que atravessa parte do território do município de Belém, à oeste, fazendo limite com o município de Bananeiras, tendo como um dos trechos limítrofes o sítio Manipeba, na área chamada Vila Cordeiro. O riacho da Picada tem sua nascente na região da Lagoa do Matias/Cruzeiro de Roma, no município de Bananeiras; também recebe as águas do riacho do Gambá/Gameleira dos Vianas, próximo ao distrito de Rua Nova. À leste, o riacho da Picada também recebe as águas do riacho do Tribofe, na altura da ponte próxima à entrada do Assentamento Nossa Senhora de Fátima, seguindo até o sítio Tapera onde está a sua foz, ainda no município de Belém, desaguando no rio Curimataú. Na parte superior, o riacho da Picada entre o limite da cidade de Belém e o município de Bananeir...

Há mais de 100 anos: lista dos proprietários rurais de Belém/PB em 1920

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Foto: Engenho Mufumbo, que pertenceu a Cláudio Cantalice Viana. Arquivo da família Viana. No ano de 1920, foi realizado na República dos Estados Unidos do Brasil - nome oficial do Brasil de 1889 a 1968 -, o Recenseamento Geral, sendo o 4º recenseamento populacional e o 1º da agricultura e das indústrias, incluindo o recenseamento das propriedades rurais em todo o país. No Estado da Paraíba foram recenseados os 39 municípios existentes no ano de 1920, dentre os quais, o município de Caiçara, que abrangia o território dos atuais municípios de Belém, Duas Estradas, Serra da Raiz, Sertãozinho, Lagoa de Dentro e Logradouro. Nesse mesmo ano, a região do Brejo (e parte do Curimataú) era formada por apenas oito municípios: Alagoa Grande, Alagoa Nova, Araruna, Areia, Bananeiras, Caiçara, Guarabira e Serraria. De acordo com o Recenseamento Geral do Brasil de 1920, o município de Caiçara possuía 383 estabelecimentos rurais, sendo informados os nomes dos proprietários e suas respectivas lo...

Sítio Baianos de Belém: local de antigos engenhos, histórias familiares e Área de Proteção Ambiental do Roncador

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Vista da serra dos Baianos/Ladeira de Pedra, a partir da estrada do sítio Mufumbo, no município de Belém. Foto: Arquivo pessoal. Área com importância histórica e ambiental para o município de Belém, no Agreste/Brejo paraibano, o sítio Baiano, ou Baianos, está localizado na parte sul do município, em uma região serrana que compreende a Serra da Copaoba, na escarpa oriental do Planalto da Borborema. Com poucos moradores na atualidade, a comunidade rural faz limite com os sítios Mufumbo e Ladeira de Pedra, por onde estão os principais acessos. Acesso pelo sítio Mufumbo à comunidade rural dos Baianos, em Belém. No canto superior esquerdo, vista parcial da cidade de Pirpirituba. Foto: Arquivo pessoal. Até a década de 1950/60, funcionava no sítio Baiano um engenho de propriedade de Cláudio Cantalice Viana. Ainda hoje existem ruínas da antiga casa-sede. Este proprietário de terras possuía outro engenho bem próximo, no sítio Mufumbo. Tacho de ferro do antigo Engenho Mufumbo, utilizado ...

Limites territoriais de Belém (PB): os casos de Caiçarinha, Lagoa do Curimataú e da Vila Cordeiro

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O IBGE divulgou a Malha Setorial Intermediária atualizada, em formato digital, com a classificação de setores censitários urbanos e rurais de todos os municípios brasileiros, a fim de atender demandas de planejamento territorial. O setor censitário representa a menor porção territorial utilizada pelo IBGE para planejar e realizar pesquisas estatísticas, como o Censo Demográfico 2022. No caso do município de Belém, no Agreste/Brejo paraibano, permanecem as inconsistências territoriais com alguns limites intermunicipais, os quais ainda causam discussões e dúvidas entre os habitantes das localidades. CAIÇARINHA O povoado de Caiçarinha, por exemplo, entre os limites de Belém e Pirpirituba, é um dos casos mais conflituosos dessa delimitação territorial. Pela atual Malha Setorial Intermediária do IBGE, usada como base para o Censo Demográfico 2022, parte do povoado de Caiçarinha pertence ao município de Belém e outra parte ao município de Pirpirituba, isso numa mesma rua, como pode ser...

O “sinal de guerra” e o pedido do frei Herculano para construir a Capela de Rua Nova, em Belém/PB

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Pavimentação da rua ao lado da Capela Nossa Senhora da Pureza, em Rua Nova, na gestão do ex-prefeito de Belém, Luís Alexandrino, o "Lula Firmino" (de boina, à direita da foto), década de 1970. A Capela Nossa Senhora da Pureza, localizada no distrito de Rua Nova, no município de Belém, foi inaugurada no ano de 1926. Um dos principais patrimônios históricos arquitetônicos dos belenenses, o templo católico foi construído no terreno doado por Lindolfo Amaro, ou Amaro Lyra, com a colaboração da comunidade e de moradores com influência política e econômica, a exemplo de Jorge Rodrigues de Lima, Henrique Rodrigues de Lima, Eustáquio Pedrosa, Emygdio Romão entre outros. Segundo relato do saudoso Abel Batista de Oliveira, conhecido por Abel do Monte (ou Dumont), antigo morador da localidade, o terreno onde foi construída a capela “pertencia a Lindolfo Amaro, mas morava em Santo Antônio do Salto da Onça. Quando fizeram essa igreja, rebocaram a frente. Agora, dentro, fizeram de tij...

As histórias da Pedra do Cordeiro em Belém: da origem do nome à caverna dos leprosos

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Pedra do Cordeiro (à direita) com vista parcial de Belém. A Pedra do Cordeiro é uma formação rochosa situada no limite entre os municípios de Belém e Bananeiras, tendo o Riacho da Picada como divisor intermunicipal. Do alto da Pedra do Cordeiro, com altitude de 240 metros, podem ser vistas a cidade Belém, o distrito de Rua Nova, a cidade de Caiçara, além do Cruzeiro de Roma e até a estátua de frei Damião (parte de trás). No ano de 2014, a Paróquia Sagrada Família de Belém adquiriu uma parte de terra com pouco mais de um hectare e meio, onde está situada a Pedra do Cordeiro, para a construção de um santuário mariano dedicado a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Belém. A origem do nome. De acordo com uma das versões, a origem do nome do local seria referência ao sobrenome da família Cordeiro, que teria sido a antiga proprietária das terras onde está localizado esse grande afloramento rochoso. Porém, não há registro oficial, até o momento, de algum proprietário de terras com...

Quem foi Felinto Elísio, que dá nome à escola mais antiga de Belém/PB?

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Desfile de 7 Setembro em frente ao então Grupo Escolar Felinto Elísio. A fotografia é de 1957, dois anos depois da construção da escola. Foto: Página Memórias da minha cidade (Facebook). Um personagem ainda desconhecido por grande parte da população de Belém, inclusive pela própria categoria profissional a qual pertencia, apesar de dar nome ao prédio público mais antigo destinado à educação no município, Felinto Elísio foi um dos primeiros professores com atuação no ensino público em Belém, desde o final do século 19, quando o povoado estava em crescimento. De acordo com os arquivos disponibilizados pelo site Family Search, especificamente o registro de óbito, o professor Felintho Elysio Gomes da Silveira - era esse o nome completo, com a grafia da época – nasceu na cidade de Mamanguape, na Paraíba, em 1869. Era filho de José Gomes da Silveira e de “sua mulher”. Apesar de o site informar o nome de “Josepha Emília da Silveira Pessoa” como sendo mãe do professor, na leitura do regist...