Quem foi Felinto Elísio, que dá nome à escola mais antiga de Belém/PB?
Um personagem ainda desconhecido por grande parte da população de Belém, inclusive pela própria categoria profissional a qual pertencia, apesar de dar nome ao prédio público mais antigo destinado à educação no município, Felinto Elísio foi um dos primeiros professores com atuação no ensino público em Belém, desde o final do século 19, quando o povoado estava em crescimento.
De acordo com os arquivos disponibilizados pelo site Family Search, especificamente o registro de óbito, o professor Felintho Elysio Gomes da Silveira - era esse o nome completo, com a grafia da época – nasceu na cidade de Mamanguape, na Paraíba, em 1869. Era filho de José Gomes da Silveira e de “sua mulher”. Apesar de o site informar o nome de “Josepha Emília da Silveira Pessoa” como sendo mãe do professor, na leitura do registro compreende-se que era a esposa de Felinto Elysio, como pode ser observada na transcrição mais adiante.
Ainda segundo a referida certidão, o professor Felintho Elysio Gomes da Silveira faleceu em Belém, precocemente, aos 50 anos de idade, no dia 7 de dezembro de 1919, deixando sete filhos e a esposa Dona Josepha Emília da Silveira Pessoa:
“Aos sete dias do mez de Dezembro de mil e novecentos e dezenove, [...] da República, nesta Povoação de Caiçara, Districto de Paz de Serra da Raiz, Comarca de Guarabira, Estado da Parahyba do Norte, em meu Cartório compareceu Lindolpho de Freitas Pêssoa, declarou que hoje as onze horas do dia falleceu o Professor Público Felintho Elysio Gomes da Silveira, de cincoenta anos, filho legítimo de José Gomes da Silveira e de sua mulher, casado com Dona Josepha Emília da Silveira Pêssoa, deixando sete filhos, natural da cidade de Mamanguape, comarca do mesmo nome, Estado da Parahyba, residente no Belém, no lugar de fallecimento, de que para constar assigno com Pedro Gaudrano [?] d’Albuquerque e Ivo Gomes Pedrosa. Eu, João Evangelista Soares de Carvalho, Escrivão de Paz o escrevo.”
Sobre a atuação do professor Felinto Elysio, há uma citação
no jornal paraibano A União, edição 462, datado de 17 de fevereiro de 1895,
envolvendo uma curiosa petição do professor à Assembleia Legislativa do Estado
da Parahyba do Norte, solicitando o pagamento de vencimentos, referentes ao ano
de 1893, que ainda não tinham sido pagos pelo Conselho Municipal da Comarca de
Guarabira, da qual era subordinada a povoação de Belém:
“Assembleia Legislativa do Estado da Parahyba do Norte. Sessão extraordinaria em 12 de Fevereiro de 1895. Presidência do Exm.° Senr. Vigario Walfredo [Leal].
[...] Abre-se a sessão.
[...] O Sr. 1° Secretário apresenta o seguinte Expediente.
Uma petição de Felinto Elysio Gomes da Silveira, professor publico effectivo, que tendo exercido o magistério na cadeira da povoação de Belém da Comarca de Guarabira, e tendo o Thesouro do Estado [...] da lei e decisão da Presidencia somente lhe pago[u] os vencimentos até Junho de 1893, visto que de Julho em diante deveriam ser elles pagos pelo cofre do Conselho Municipal da referida Comarca; e porque não tenha conseguido o integral embolso de seus vencimentos, embora se achasse em effectivo exercicio e cumprindo seus deveres como prova com os documentos juntos, requer o pagamento dos mesmos vencimentos pelo cofre do Estado, a contar de 1º de Julho ao ultimo de Dezembro de 1893.
Vai a commissão de orçamento.”
Por essa petição, é possível concluir que o professor
Felinto Elysio exercia a profissão, em Belém, pelo menos desde os 24 anos de
idade, durante um período que não existia prédio escolar para o ensino público
no povoado. As aulas eram ministradas nas residências dos professores, em casas
alugadas ou até mesmo nas residências dos alunos. O primeiro prédio público
para o ensino no povoado seria construído apenas em 1955, 36 anos depois do
falecimento de Felinto Elysio, recebendo o nome do próprio professor.
O jornal paraibano O Norte chegou a noticiar, no dia 5 de janeiro de 1955, o reinício da construção do Grupo Escolar, em Belém, com a previsão de inaugurar naquele mesmo ano, como pode ser lido no recorte do jornal:
Como citado em outra matéria (clique aqui), a primeira “cadeira de instrução pública primária” de Belém, equivalente ao atual Ensino Fundamental, e apenas para os alunos do sexo masculino, foi criada em 1869, portanto, há 155 anos, quando o povoado ainda se chamava Gengibre. Entretanto, nos arquivos pesquisados, não foram encontradas referências a nomes de outros professores que lecionaram em Belém até 1893, ano de atuação de Felinto Elysio Gomes da Silveira, referido na petição mencionada anteriormente, o que faz dele o professor mais antigo, de que se tem conhecimento, que lecionou em Belém.
Comentários
Anônimo 23 maio, 2022 15:36
Muito interessante! Parabéns pela pesquisa.